Não reclamo para mim qualquer privilégio de solidão:
só a tive quando me impuseram como condição terrível da minha vida.
E escrevi então os meus livros como os escrevi, rodeado pela adorável multidão, pela infinita e rica multidão do homem.
Nem a solidão nem a sociedade podem alterar os requisitos do poeta, e os que se reclamam de uma ou de outra exclusivamente falseiam a sua condição de abelhas que constroem há séculos a mesma célula fragrante, com o mesmo alimento de que o coração humano necessita.
Mas não condeno os poetas da solidão nem os altifalantes do grito coletivo:
o silêncio, o som, a separação e integração dos homens, todo este material para que as sílabas da poesia se juntem, precipitando a combustão de um fogo indelével, de uma comunicação inerente, de uma herança sagrada que há mil anos se traduz na palavra e se eleva no canto.
Pablo Neruda
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