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16 abril 2009

De mãos dadas.



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande,
não nos afastemos.
Não nos afastemos muito,
vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher,
de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer,
a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade


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