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29 setembro 2009

Ninguém venha me dar Vida


Ninguém me venha dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferida,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser e não me quero encontrar,
que estou dentro de um navio que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio, porque está perto de mim o dono
verde do mar que busquei desde o começo, e estava apenas no fim.
Corações por que chorais? Preparai meu arremesso para as algas e corais.
Fim ditoso, hora feliz: guardai meu amor sem preço que só quis a quem não quis.

Cecília Meireles

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